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Frente fria, riscos em alta: como o clima impacta a saúde dos pet

da Redação
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Divulgação
O frio também agrava dores articulares em cães e gatos idosos ou com problemas crônicos, como a artrose
O frio também agrava dores articulares em cães e gatos idosos ou com problemas crônicos, como a artrose

Com o outono e a proximidade do inverno, os termômetros caem, os dias ficam mais curtos e os hábitos mudam - inclusive os dos animais de estimação.

Menos dispostos a sair da cama e mais sensíveis a dores e infecções, cães e gatos precisam de cuidados especiais nos meses mais frios do ano, pois a queda de temperatura afeta diretamente a imunidade, o comportamento e o sistema osteoarticular dos pets.

"Assim como os humanos, os animais também sentem os efeitos do frio, especialmente os filhotes, os idosos e aqueles que já possuem predisposição genética ou doenças crônicas. O frio provoca rigidez muscular e vasoconstrição (redução do calibre dos vasos sanguíneos) no organismo dos animais, aumentando a densidade e o acúmulo de líquido nas articulações e reduzindo a circulação de oxigênio pelos tecidos, aumentando as dores. O sistema imunológico fica mais vulnerável e o risco de infecções respiratórias aumenta. Por isso, o outono é o momento ideal para adotar medidas preventivas e garantir uma transição segura para o inverno", explica a médica-veterinária e consultora técnica da rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET, Farah de Andrade.

Um dos efeitos mais frequentes do clima frio é o agravamento de dores articulares em cães e gatos. Animais com displasia coxofemoral, artrose, luxação de patela ou outras alterações ortopédicas sofrem com o enrijecimento muscular e a piora da mobilidade em temperaturas mais baixas.

"Muitos tutores observam que o animal demora mais para levantar, evita subir escadas ou demonstra relutância para caminhar. Esses são sinais clássicos de dor articular, que podem ser intensificados com o frio", alerta a veterinária.

Nessas situações, o controle da dor deve ser orientado pelo médico-veterinário. Anti-inflamatórios, analgésicos, condroprotetores e relaxantes musculares podem ser formulados em apresentações adaptadas a cada animal - desde cápsulas palatáveis e biscoitos até xaropes, caldas e molhos -  favorecendo a adesão ao tratamento e a resposta clínica.

Fitoterápicos e nutracêuticos também podem ser prescritos. Esses compostos, associados a uma rotina de exercícios moderados, ambiente aquecido e conforto térmico, ajudam a manter a qualidade de vida de cães e gatos durante os meses frios.

IMUNIDADE EM BAIXA

As temperaturas mais baixas também afetam a imunidade dos pets e, com o organismo mais suscetível, doenças respiratórias tornam-se comuns, especialmente em locais fechados, com baixa ventilação ou grande concentração de animais.

Entre as doenças mais recorrentes estão a traqueobronquite infecciosa canina - popularmente conhecida como gripe canina - e a rinotraqueíte felina, que provoca espirros, secreção nasal, conjuntivite e falta de apetite nos gatos.

"Essas enfermidades são altamente contagiosas e podem evoluir com complicações sérias, principalmente em animais não vacinados ou imunossuprimidos. Por isso, além de manter a vacinação em dia, é fundamental fortalecer a resposta imunológica com nutracêuticos manipulados sob medida para cada paciente, como própolis, beta-glucana, glutamina, zinco, vitamina C e vitamina E, que atuam diretamente na imunidade", destaca Farah.

Menos disposição para brincar e se exercitar Com o frio, a rotina de exercícios e estímulos também costuma ser reduzida. Muitos cães evitam sair para ear e ficam mais sedentários, o que pode resultar em ganho de peso, aumento da ansiedade e piora de quadros articulares. Os gatos, por sua vez, tendem a dormir mais e se movimentar menos, o que exige atenção redobrada do tutor para evitar a obesidade e o tédio.

A recomendação é adaptar as brincadeiras para dentro de casa, estimulando o pet com brinquedos interativos, túneis, bolinhas recheadas com petiscos e circuitos improvisados. Além disso, manter o ambiente aquecido com caminhas elevadas, cobertores e roupas apropriadas para cães de pelagem curta pode ajudar a manter o conforto térmico e a disposição para o movimento.

PREVENÇÃO

A queda de temperatura também pode afetar a pele e os pelos dos animais, causando ressecamento, descamação e aumento da oleosidade. Os banhos devem ser menos frequentes no inverno, sempre com água morna, ambiente fechado e secagem completa para evitar quedas na temperatura corporal. O ideal é optar por xampus dermatológicos, que mantenham o equilíbrio da pele e evitem o surgimento de dermatites.

Farah orienta que os tutores façam uma avaliação veterinária preventiva ainda no outono, especialmente para animais idosos, com histórico de doenças respiratórias, articulares ou imunológicas. "Com um bom planejamento, é possível minimizar os impactos do frio e garantir que o pet e pelos meses frios com saúde e bem-estar."

SEU CÃO OU GATO TREME DE FRIO?

Assim como os humanos, cães e gatos sentem os efeitos do frio. Com a queda nas temperaturas, vento forte e noites mais geladas, a saúde dos pets pode ficar comprometida. A professora de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Fabiana Volkweis, alerta que, no inverno, esses animais estão mais vulneráveis ao surgimento e agravamento de doenças respiratórias e articulares, especialmente filhotes, idosos e aqueles com doenças crônicas.

"Assim como na medicina humana, no frio os animais tendem a ter mais infecções respiratórias", afirma a médica veterinária. Segundo ela, doenças virais graves como a cinomose e o adenovírus, sobrevivem melhor em ambientes de baixa temperatura, colocando em risco principalmente os cães não vacinados.

O frio também agrava dores articulares em cães e gatos idosos ou com problemas crônicos, como a artrose. A professora alerta para filhotes e animais com displasia coxofemoral, que devem ter sua terapia de e mantida com acompanhamento veterinário. "Estes indivíduos podem apresentar sintomas clínicos de desconforto, como mancar e ficar relutante a caminhar", explica.

COMO PROTEGER DO FRIO

Animais que vivem em ambientes domésticos estão menos expostos, especialmente se tiverem cobertores, roupinhas e sua cama. "A preocupação maior são os que ficam em quintais ou nas ruas, que podem ter impactos diretos sobre a chuva e frio", alerta a docente do CEUB. Entre os sinais de hipotermia, estão tremores, letargia, respiração lenta, extremidades frias, bradicardia, pulso fraco e, em casos graves, rigidez muscular e morte. "Se encontrar um animal com estas características, aqueça-o e leve-o o mais rápido para clínica veterinária".

A alimentação também precisa de atenção este período, já que os animais enfrentam uma demanda energética maior devido à necessidade de manter a termorregulação. "É importante uma nutrição equilibrada de qualidade que inclua proteínas de alta absorção, vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais", acrescenta a docente do CEUB.

Raças de pelo curto tendem a sentir mais frio e se beneficiar do uso de roupas - enquanto os animais com pelagem adaptada ao frio, como Husky Siberiano, Malamute do Alasca e São Bernardo, são mais resistentes.

Para os gatos, que costumam se esconder no inverno, Volkweis recomenda que o tutor garanta locais aconchegantes e respeite o comportamento. "Eles gostam de coberta, de deitar no sol e daquela famosa caixa de papelão para se aninhar", arremata.

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