
O atleta piracicabano Marcos Leme, de 62 anos, ficou em 1º lugar no 2º Pentathrows Master, realizado em Piedade (SP), no último sábado (7). Ele participou das cinco provas do pentatlo de lançamentos: martelo, peso, disco, dardo e martelete. Apesar do título, Marcos não ficou completamente satisfeito com seu desempenho.
“Os resultados foram razoáveis, esperávamos algo melhor”, avaliou. “Não justificando os resultados, mas choveu muito e a pista era de carvão. O chão também era muito áspero, o que prejudica o uso da sapatilha especial.”
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De atleta juvenil à categoria máster
A trajetória de Marcos no atletismo começou em 1975. Três anos depois, com apenas 16 anos, foi convocado para a seleção brasileira e se consagrou campeão nacional no arremesso de disco. Em 1980, disputou o Sul-Americano Juvenil no Chile, onde conquistou medalha de bronze no lançamento do martelo e ouro por equipes. “Sou da época de Robson Caetano, Joaquim Cruz... Vivi toda essa fase de ouro do atletismo brasileiro”, relembra.
Após décadas competindo e acumulando títulos regionais, estaduais e nacionais, Marcos se afastou para focar na carreira acadêmica, tornando-se educador físico e fisioterapeuta. Seu retorno às competições ocorreu em 2017/2018, agora na categoria máster, disputando provas de lançamentos (disco, peso, martelo, martelete e dardo) e também powerlifting (agachamento, supino e levantamento terra). Atualmente, ele compete na categoria M60, voltada para atletas entre 60 e 64 anos, sem limite de peso.
Desafios, treinos e próximos os
Marcos já se prepara para o Campeonato Paulista Máster de Atletismo, que acontece nos dias 12 e 13 de julho, no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, em São Paulo. “Vou disputar novamente o lançamento do martelo, o martelete, o peso e o disco. São quatro provas individuais, porque o pentatlo de lançamento são cinco provas, e não vou disputar o dardo”, explica. Em setembro, ele participa do Campeonato Brasileiro, onde pretende conquistar vaga para o Campeonato Sul-Americano, em Santiago, no Chile, no final de novembro. “Você tem que ter objetivos. Tenho interesse em participar do Sul-Americano, só que tudo depende de recurso financeiro. Pra disputar esse campeonato no Chile, é um custo que não fica menos que 10 mil reais”, afirma Marcos.
Sem apoio governamental, ele conta com o patrocínio pontual de empresas locais ou utiliza recursos próprios para viabilizar sua participação em torneios. “Quero agradecer as empresas que me apoiaram nessa última competição: Turbimac, Interseg, Energel, Mica, Casa Olivetti e a Qualiart, que fez nossas camisetas.”
Seus treinos são realizados no SESI Piracicaba, onde ele paga mensalidade para usar o espaço. “Quando retornei ao atletismo, procurei a Secretaria de Esportes para ver se tinham material para empréstimo, mas não tinham”, conta. Os equipamentos foram comprados por conta própria — muitos deles importados, já que não há produção nacional. Durante os treinos, Marcos chama a atenção de jovens que se interessam pelas modalidades. “O esporte cria responsabilidade, disciplina e memória. Piracicaba é um berço de atletas, tudo depende do investimento por trás. O mais importante é que a criança faça algum esporte que goste, e caso se destaque, que existam projetos e instituições que possam ajudá-la.”
Exemplo de longevidade
Para Marcos, o esporte vai muito além das medalhas. É uma ferramenta de transformação e saúde. “Basta dar o primeiro o, mesmo que seja curto. Pra longevidade, qualidade de vida, é fundamental. Enquanto há vida, há esperança. Tudo depende de força de vontade, foco e determinação”, conclui.
O piracicabano é a prova de que, com incentivo e esforço, é possível chegar longe — em qualquer idade.