
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, prestou depoimento nesta manhã de terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF), no processo que investiga a suposta tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. Torres é um dos oito réus da ação penal 2.668 e integra o núcleo considerado central pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
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Durante o interrogatório conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, Torres negou qualquer questionamento à legitimidade das urnas eletrônicas. “Nunca questionei a lisura do processo eleitoral”, afirmou. Ele também rejeitou a ideia de que sua viagem aos Estados Unidos, dias antes da invasão às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, tenha sido motivada por alguma intenção de se ausentar diante do risco de ataques. Segundo Torres, a viagem foi feita “com tranquilidade”, após ter deixado um protocolo a ser seguido pelas forças de segurança.
No entanto, o ex-ministro reconheceu que houve falhas graves no cumprimento do Protocolo de Ações Integradas (PAI), que, segundo ele, previa medidas adequadas para conter eventuais distúrbios. “Quando li o protocolo, achei que estava de bom tamanho. Mas houve uma falha muito grave no cumprimento”, disse. Ele responsabilizou diretamente a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) pela omissão.
Torres contou que, já nos Estados Unidos, ficou alarmado ao acompanhar os atos e chegou a ligar para várias autoridades, incluindo o então comandante da PMDF, coronel Fábio Augusto, pedindo ações mais enérgicas. “Fiquei desesperado. Liguei para todo mundo”, declarou.
O depoimento de Anderson Torres ocorre após os interrogatórios de outras figuras-chave na investigação, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier. A audiência de Torres foi encerrada por volta das 11h30.