
O tráfico de drogas costuma ser responsável por grande parte dos homicídios registrados em cidades do Vale do Paraíba. No entanto, em São José dos Campos o tráfico tem participação ínfima no total de crimes contra a vida. Das 23 vítimas de homicídio registradas na cidade em 2024, apenas uma estava relacionada ao mundo das drogas.
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De acordo com radiografia traçada pela Polícia Civil, as brigas entre conhecidos e desconhecidos foram a principal causa dos assassinatos: 12 dos 23 crimes (52%). Já os feminicídios provocaram cinco mortes (21,73%). Conflitos entre familiares foramn responsáveis por duas mortes.
O delegado Neimar Camargo Mendes, da Delegacia de Homicídios da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de São José, contou que a Polícia Civil, em especial a Dise (Delegacia de Entorpecentes), tem buscado prevenir os homicídios entre grupos de traficantes.
O trabalho de inteligência é feito em parceria com a Polícia Militar para monitorar grupos de traficantes e evitar que estourem guerras entre eles na cidade.
“Há um trabalho integrado, tanto da Polícia Civil, a Dise principalmente, e a Polícia Militar, onde a gente procura antecipar, detectar eventuais possíveis pontos onde poderão ocorrer conflitos com relação ao tráfico de drogas”, afirmou o delegado.
“Então, a gente tem conseguido isso nos últimos anos, antecipando essa ação criminosa e efetuando prisões de pessoas e com isso evitando homicídios”, completou.
Homicídios.
De acordo com o Anuário de Homicídios de São José, as armas de fogo foram usadas em 48% dos homicídios praticados na cidade no ano ado, usadas em 11 dos 23 homicídios.
Os instrumentos contundentes foram utilizados em quatro crimes (17,39%), depois as armas brancas e as agressões físicas em dois crimes cada (8,69%) e os demais com um registro apenas (4,34%): fio elétrico, fogo, queda de altura e indeterminado.
Do total de 23 homicídios, 13 aconteceram em via pública (56,52%) e sete em residência (30,43%), com dois casos em estabelecimentos comerciais (8,69%) e um indeterminado.
As vítimas foram preferencialmente homens (16 / 69,56%), com idade entre 35-39 anos (5 / 21,73%), 30-34 anos (4 / 17,39%) e 25-29 anos (4 / 17,39%) –, e brancos (17 / 74%). Quatro dos mortos eram pardos (17,39%).
O horário entre 18h e meia-noite foi o de maior incidência nos homicídios do ano ado em São José, com oito dos 23 crimes (34,78%), seguido do intervalo entre meia-noite e 8h, com seis mortes (26%).
Psicologia.
Neimar Camargo Mendes informou que uma segunda fase do estudo está em andamento em parceria com a Univap (Universidade do Vale do Paraíba), para uma análise sociológica e psicológica dos homicídios na cidade.
O trabalho será feito nos moldes da pesquisa realizada entre as pessoas desaparecidas. “A psicóloga Ana Karina, que seria responsável pelo setor de Psicologia lá na Univap, nós avaliamos todos os casos de desaparecidos. Então, foi um trabalho muito proveitoso para a gente entender a dinâmica, as características das pessoas desaparecidas em São José dos Campos”, disse o delegado.
“E agora, como já temos cinco anos que a gente faz esse anuário [dos homicídios], já dá para a gente fazer um estudo mais efetivo em relação às características, os efeitos sociais, psicológicos, para a gente poder entender de uma forma mais completa o quadro dos homicídios aqui em São José”, informou.