A-morte-é-um-grande-mistério...
Tanta-dor-na-despedida!...
Mas-quem-morre-perde-o-corpo,
Nunca perde a luz da vida.
Chico Xavier
Toda nossa cidade se consternou com a morte de sua filha quando foi atacada brutalmente pelas costas por um infame faxineiro ocorrido no boulevard Beco Fino.
Jovem, bela, muitos sonhos a realizar, toda uma vida por ser viver. Tal foi a cena desastrosa, que o desespero emocional turvou o juízo de todos nós, diante de tanta dor e comoção. Parece inconcebível que alguém possa agir com tamanha crueldade. Os verdadeiros paraísos são os paraísos perdidos, escreveu Marcel Proust. O paraíso que a jovem perdeu foi não acreditar na truculência dos dias de hoje.
Sua morte veio sem o bálsamo branco do silêncio. Sem mais nada para contar, recolho-me a minha aflita indignação, enquanto os versos do poeta se repetem na memória: Senhor Deus, onde estás que não respondes? Como seus familiares se sustentarão diante de um destino tão trágico? Como pode uma mãe ar a perda de uma filha?
Esta cruel tragédia me fez lembrar, entretanto, de duas belas histórias, que amenizam e simbolizam a imensidão do amor de mãe, que traz um pouco de Deus e pela sua constância, muito de anjo.
Vale lembrá-las para apagar tamanha dor e sofrimento.
A primeira conta a luminosa jovem romana de 28 anos. A mulher adiou seu tratamento médico para levar a maternidade adiante. A criança nasceu com perfeita saúde. Após, a jovem não resistiu ao tratamento. Na cerimônia fúnebre o cardeal vigário prestou homenagem:
“a vida é um bordado que olhamos ao contrário, pela parte cheia de fios soltos, mas de vez em quando, a fé nos faz ver a outra parte, é uma grande lição de vida, uma luz, fruto de um maravilhoso desígnio divino, que escapa ao nosso entendimento, mas que existe.”
A morte não existe. A sua vida continua na vida que você viveu. Seus seguidores quando compartilharem mensagens, por certo hão de sentir sua presença. A cada livro dedicado às crianças, na Web, virá de súbito a sua afável lembrança. Não será tão somente apenas uma afável lembrança. Sua existência persiste nas coisas que escolheu e viveu intensamente. Não existe o outro lado da vida, a vida é uma só. Permanecerá sempre em sua cativante missão de bondade e solidariedade com o próximo. Nunca foi ambiciosa, senão cuidar das coisas queridas ao seu coração. Coisas guardadas como num relicário. O álbum de família. O esmero de sempre com seus seguidores. Todas as experiências de minha vida convergem na cabeça, para uma pergunta que não ouso dizer. Peço apenas uma palavra, para pedir um instante de silêncio. Que fale mais alto que a minha consternação.
O infortúnio do acontecimento embaça nossos olhos. Aperta o coração. Enfraquece a razão de viver. Thais Bruna de Castro. Perdemos uma jovem com um futuro brilhante.
Os íntimos perderam uma amiga adorável. Sua família perdeu seu maior amor. A sua querida mãe e a todos seus familiares desta tradicional família Castro, meus sentimentos e pêsames.
Guaraci Alvarenga é advogado ([email protected])