Bariri - A Polícia Civil instaurou inquérito nesta segunda-feira (9) para apurar denúncia de racismo, injúria racial e maus-tratos contra duas crianças negras por parte de uma professora da creche Professora Leonor Mauad Carreira, que fica no Jardim Maria Luiza, em Bariri (56 quilômetros de Bauru). A docente foi afastada de suas funções por 60 dias e também terá a sua conduta investigada pela prefeitura por meio de processo istrativo.
De acordo com o boletim de ocorrência (BO) registrado pela diretora da unidade de ensino, ela teria sido comunicada no dia 30 de maio sobre "condutas possivelmente hostis e de maus-tratos de uma professora contra uma aluna" e, após verificar imagens de câmeras de segurança e consultar a Diretoria de Educação, encaminhou as gravações à pasta para apuração da conduta da docente.
Ainda segundo o registro policial, a diretora relatou que, após a denúncia, uma estagiária da creche contou que, no período em que atuou na sala da professora, havia testemunhado vários episódios de falas de cunho racista por parte dela. Além disso, outras funcionárias disseram ter ouvido "boatos no mesmo sentido". Nesta segunda-feira, policiais civis fizeram diligências na unidade de ensino.
Em nota, a Prefeitura de Bariri informou que a apuração do incidente contra duas crianças "está sendo conduzida de forma criteriosa pela Secretaria Municipal de Educação, e seguindo todos os protocolos estabelecidos para garantir a transparência e a justa responsabilização dos envolvidos".
"Assim que foi informado sobre o ocorrido, o prefeito Airton Pegoraro determinou o imediato afastamento da professora por 60 dias das funções, publicando a decisão no Diário Oficial do município (edição extra) na sexta-feira (7), além da determinação para que fosse instaurado o Processo istrativo nº 3341/2025", diz a nota.
Segundo o Executivo, "foram adotadas também providências imediatas para proteger os direitos do aluno e garantir a segurança de todos os envolvidos". "As imagens das câmeras de segurança da unidade foram analisadas e apresentadas às autoridades competentes, no registro do boletim de ocorrência na delegacia da Polícia Civil", declara.
"O Conselho Tutelar acompanha de perto o caso, garantindo os direitos da criança e apoiando a família. A Prefeitura de Bariri, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informa que não compactua com qualquer tipo de violência, seja física ou psicológica, dentro ou fora do ambiente escolar".
Repúdio
O Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Bariri, por meio de sua presidente Clarina de Souza Genaro, publicou nota de repúdio ao suposto ato de racismo praticado pela servidora pública municipal contra duas crianças negras. "A escola deve ser um espaço de respeito, acolhimento e inclusão - jamais de violência ou discriminação", afirma.
O órgão explica que, assim que tomou conhecimento da denúncia, recebida de forma anônima, notificou diversos setores municipais. "Os relatos apontavam para atitudes discriminatórias ocorridas durante o período regular de atendimento, indicando tratamento diferenciado e possivelmente vexatório, com base em características raciais", declara.
"Diante da gravidade dos fatos, o Conselho solicitou a apuração imediata do caso, o acompanhamento psicossocial da criança e de sua família, bem como a responsabilização institucional cabível. Reforçamos a necessidade de resposta rápida, responsável e sensível por parte dos órgãos competentes, para assegurar um ambiente educacional seguro, inclusivo e livre de qualquer forma de preconceito ou violência".