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Uso do 'vape' atinge recorde em todo Brasil

Por Karolini Bandeira |
| Tempo de leitura: 3 min

Estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, revelou que, de 2023 a 2024, o Brasil registrou aumento de 24% no total de adultos que usam cigarro eletrônico. Segundo a pesquisa, divulgada ontem, no Dia Mundial sem Tabaco, 2,6% dos adultos do país são fumantes desses dispositivos, o maior percentual desde 2019, quando a série histórica foi iniciada.

O número de fumantes do tabaco convencional também aumentou 25% no ano ado em comparação com 2023 (13,8% de brasileiros), e superou todos os números desde 2014, o que foi considerado pelo Inca um "retrocesso de 10 anos".

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a principal ação contra o uso do cigarro eletrônico no Brasil é a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proíbe a comercialização, importação, o armazenamento, o transporte e a propaganda desses dispositivos.

"Uma das ações fundamentais é manter a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) da Anvisa. O Brasil tem um patamar cinco, seis até sete vezes menor de uso desse dispositivo do que países que liberaram a utilização. Isso mostra o acerto da Anvisa, além das campanhas do Ministério da Saúde e dos estados. Nossa campanha, com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), tenta chegar mais próximo desse público, através das redes sociais", afirmou Padilha.

A resolução foi publicada pela Anvisa em abril do ano ado. A norma substituiu a resolução de 2009 e endureceu as restrições ao cigarro eletrônico no país.

Além de ampliar a proibição de venda, propaganda e importação dos produtos, a nova norma vedou também produção, armazenamento e transporte, além de proibir o uso de qualquer dispositivo eletrônico para fumar em ambiente coletivo fechado.

Um mau hábito com custo bilionário

Ainda segundo a pesquisa do Inca, doenças relacionadas ao tabagismo no Brasil têm um custo anual de R$ 153,5 bilhões, representando 1,55% do PIB nacional. O diretor-geral da instituição, Roberto Gil, atribuiu o aumento do consumo de tabaco convencional à redução dos preços do produto.

O cigarro convencional se tornou muito barato, o segundo mais barato nas Américas. E agora a gente está tendo uma retomada do preço de tributação. A gente precisa ter um preço do cigarro convencional que seja suficientemente alto, acompanhando outros países do mundo para desincentivar ao seu consumo.

 Graves riscos à saúde

Vistos inicialmente como uma alternativa menos maléfica do que o cigarro tradicional, hoje já se sabe que os eletrônicos representam um grande risco à saúde.

"Estudos mostram que o uso dos DEFs (Dispositivo Eletrônico para Fumar), tanto agudo como crônico, está diretamente ligado ao surgimento de várias doenças respiratórias e orais, gastrointestinais, entre outras, além de causar dependência e estimular o uso do cigarro convencional. Fumantes de cigarro eletrônico têm de duas a quatro vezes mais chances de virarem fumantes de cigarros convencionais. Além disso, o dispositivo aumenta em cinco vezes a chance de jovens ou adolescentes se tornarem usuários de maconha",  afirma Gleison Guimarães, membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e especialista em pneumologia pela UFRJ.

E não é só quem usa que paga o pato. Estudo realizado na University of Southern California, nos Estados Unidos, mostra que o aumento do fumo ivo por conta do cigarro eletrônico elevou o risco de sintomas de bronquite em 40% dos adultos jovens, e falta de ar em 53%.

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